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O Fim de House of Cards


Com spoilers

Uma temporada praticamente dispensável.

Termina de forma inconsistente a última temporada de House of Cards, a primeira série original da Netflix, que revolucionou o mundo das séries e a forma de ver TV. Uma série que sempre manteve o seu nível de excelência, mas sem Kevin Spacey, isso seria praticamente impossível, como foi.

House of Cards foi criada para Kevin Spacey e seu personagem. Sua abrupta retirada foi praticamente fatal para a série, que quase foi cancelada. Claro que a ascensão de Claire já era fato, mas a presença de Frank Underwood iria servir para dar sustentabilidade à trama, que se tornou um grande amontoado de nada durante os seus oito episódios. 

O grande mistério envolveu a forma como iriam tratar a ausência de Frank na série, revelado praticamente com declarações de Claire, no início da temporada, e Doug Stamper, no episódio final. Nesse meio tempo, a temporada tratou de mostrar como a presidente Claire lidou com problemas de seu governo, como a crise com a Rússia e a derrubada de "aliados" de sua trupe.

A todo momento sentíamos a falta de Kevin Spacey, mas nesse mesmo momento, sentíamos repulsa por sua atitude que gerou sua demissão. Não é algo para ficar se pensando durante um programa de entretenimento, pois ali, é momento de relaxar e aproveitar o momento televisivo, mas que acabou se tornando completamente desagradável.

Tirando isso, a temporada poderia até ter sido melhor, caso não enrolassem tanto com o que realmente interessa. Deveriam ter fechado a porta "Frank" logo no início da temporada, partindo definitivamente para o governo Claire, fato que eliminaria esse sentimento que mencionei. Aliviaria muito e mudaria o principal foco da temporada para o que estava nela, e não para o que já tinha acabado.

O que poderia ser a ascensão de Claire, se tornou o linchamento de sua imagem ao telespectador. Ela tinha se tornado guerreira, opositora ao seu marido. Óbvio que ela não seria a "Madre Tereza" do governo, mas por ser mulher, seu empoderamento poderia servir de motivação para seu gênero, mas que acabou se tornando bem mais diabólica do que seu antecessor. Claire mandou matar, sem piedade, quando as coisas saíram de controle, e, também, sujou suas próprias mãos com o sangue de Doug, momento que fechou a série.

Considero "fechamento" quando a série não deixa pontas soltas e assuntos mal-acabados. Toda essa história poderia ser bem mais desenvolvida, sem esse apressamento pelo seu fim. Já que decidiram continuar com a trama, que seja feita de forma coerente. Claro que pensamos no óbvio após a morte de Doug: Claire irá denunciar que foi atacada, legítima defesa... Ou irá sumir com o corpo de Doug sem deixar vestígios. Mas a série não poderia ter terminado daquela forma, de manteira alguma.

A série tendia para a queda definitiva de Frank e também de sua esposa Claire, mas o que vimos foi uma decisão arrastada de dar desfecho o personagem principal, enquanto complementavam o enredo com tramas políticas passadas, sem nenhum tipo de empolgação.

É uma pena que a série tenha terminado dessa forma. Entendo a mudança que teve que ocorrer, mas discordo dos caminhos que escolheram para continuar a série. Como disse, a temporada se tornou praticamente dispensável, pois apenas serviu, mesmo, para dizer como Frank Underwood saiu fisicamente desse universo político, mas o o grande erro de mantê-lo no roteiro.

Notícias apontam um spinoff de House of Cards, que vejo com bons olhos. Mas que usem apenas o lado político da trama, cheio de reviravoltas, que é o ponto alto da série, e que enterre definitivamente Kevin Spacey desse núcleo.

⭐⭐