Crítica: Black Mirror - 5ª Temporada: ⭐⭐⭐
Três episódios apenas, e um fragmento do que é Black Mirror.
Normalmente disponibilizada com seis episódios e no fim do ano, Black Mirror chegou de surpresa, no mês de junho e com apenas seis episódios. Após o excelente filme alternativo, Bandersnatch, aparentemente os produtores ficaram sem recurso para novos episódios e os roteiristas sem criatividade. Não digo que foi ruim ou desnecessário, mas sem dúvidas a atual temporada da série foi abaixo da média.
Mas como sempre a série sempre traz aquela "moral da história", que muitas vezes abre os olhos do telespectador para os problemas que a tecnologia provoca. Nisso eles foram muito bem novamente, como assuntos pertinentes e com história conclusiva.
Em "Striking Vipers" acompanhamos uma história interessante de dois amigos que se "apaixonam" sexualmente, porém só conseguem manter a relação virtualmente. Nisso o episódio acerta em cheio, em trazer na visão do telespectador o nostálgico mundo das lutas virtuais, relembrando Street Fight, Mortal Kombat, entre outros. A moral da história ficou por conta do casal Danny e Theo (Anthony Mackie e Nicole Beharie), que acabaram se entendendo e conseguindo manter um casamento desgastado. A esposa aceitou a relação "extra-conjugal-virtual" de seu marido enquanto ela ia para bares para ser cortejada. O estranho desse episódio foi que atos sexuais foram bem expostos, fato não comum na série.
Já em "Smithereens", que já digo o melhor episódio da temporada, acompanhamos uma trama baseada na atual realidade, sem tecnologia futurística. As redes sociais, ilustradas pelo Twitter e Facebook estiveram presentes, que mostraram o quão perigoso pode ser as redes, caso o usuário vicie. Chris (Andrew Scott) é o protagonista da trama, que acabou perdendo sua esposa por seu descuido, ao verificar seu celular enquanto dirigia. A compaixão por ele foi emocionante, mostrando que, apesar de sua atitude abominável, Chris era apenas um viciado em redes sociais, uma vitima do mundo atual.
Mas em "Rachel, Jack and Ashley Too" que a temporada foi ao fundo do poço. Refletindo sobre o episódio cheguei à conclusão: vergonha alheia, apesar de pontos positivos vistos. Parecia um filme de Adam Sandler exibido na sessão da tarde. Aquela e sempre moral da história esteve presente, quando mostraram o mal uso da tecnologia, ao deixar Ashley O (Miley Cyrus) de coma para que sua tia pudesse lucrar com sua imagem holograficamente. Porém o roteiro foi completamente porco e conveniente. Não tem sentido a tal tia querer matar sua sobrinha famosa por dinheiro. E mais: completamente ridículo o resgate da artista e a conclusão do episódio. Sem dúvidas esse é o pior episódio de toda a série, e como se não bastasse, Miley Cyrus obteve péssimo rendimento com atuação abaixo da crítica.
"Smithereens" salvou a temporada, mesmo não sendo um dos melhores episódios da série. Mas fez com que a temporada seja avaliada como mediana. Black Mirror é uma série que se espera muito dela, tornando necessário um nível de qualidade igual ou maior do que já mostraram. Dessa vez não conseguiram nem igualar, infelizmente, mas a produção tem crédito na casa.