A 5ª Temporada de House of Cards
Uma temporada, uma série, sempre, de alto nível.
Uma coisa que se pode constatar de House of Cards é a estabilidade de qualidade que a série mantém a cinco anos. Não tem temporada ruim, não tem episódio ruim. A série é sempre linear, mas, se torna viciante e empolgante devido a alguns episódios que superam essa estabilidade de qualidade e se tornam espetaculares, como alguns dessa quinta temporada.
São treze episódios liberados de uma só vez pela Netflix, porém dessa vez, não assisti correndo como das outras vezes. Aliás, não recomendo isso, a série precisa ser vista calmamente, degustando episódio a episódio, absorvendo toda a trama protagonizada pelos Underwoods, apesar disso ser bem difícil de fazer. Muitos terminam com ganchos e você quer mais e mais daquela história.
Impossível não traçar um paralelo com o que acompanhamos diariamente na política brasileira. A diferença é que o principal objetivo de Frank Underwood é se manter no poder a todo custo, mesmo que para isso vidas possam ser tiradas. Não vemos ele articular para ganhar dinheiro, como acontece no Brasil. No nosso país, também acompanhamos nossos políticos fazerem de tudo para se manterem no poder, para enriquecer partidos e suas contas pessoais. Mas não vemos com frequência vidas sendo tiradas, mas, quem duvida disso?
Realmente, Frank, fica difícil competir.
Tá difícil competir.— House of Cards (@HouseofCards) 17 de maio de 2017
A temporada iniciou-se continuando a disputa política que elegeu o novo presidente dos Estados Unidos. A eleição foi uma guerra, vencida por aquele que usou as armas certas. Desonestas, mas... Vimos o quão sujo pode ser a política e jogar honestamente não é sinônimo de vitória. Will Conway foi o candidato preferido dos eleitores, e, sabendo que iria perder a eleição, Frank reduziu toda a eleição a um único estado, pra depois vencer a eleição denegrindo seu adversário.
É admirável. Uma perspicácia fora do comum. Uma persuasão incomparável. Sim, mesmo Frank usando sua arte para o mal, criminosamente, não tem como deixar de admirar sua astúcia. É sempre bom reconhecer a competência, mesmo que ela seja sórdida.
Mas essa competência não previu o que estava bem diante de seus olhos. Frank foi superado, estava sendo superado dia a dia e não viu. Ou melhor, não quis acreditar. Com os acontecimentos finais, ainda não considero a aliança quebrada, a nova presidenta tem muita sujeira debaixo do tapete, e, Frank já está com a vassoura na mão, ameaçando limpar.
A mudança era notória. A relação dos Underwoods sempre foi aberta, mas sempre existia um carinho mútuo. Beijos, abraços, carinho e atenção sempre eram vistos entre eles e isso não existia mais, um sinal claro de que o casal era muito mais adversário do que outra coisa. Frank precisava de Claire pra vencer a eleição e se manter no poder. Claire almejava vorazmente o cargo e articulou pelas costas de seu marido para isso. Não dá torcer pra lado algum, eu quero ver mesmo é o circo pegar fogo entre os dois.
Uma temporada cheia de momentos espetaculares, corrupção, conspiração, assédio, assassinatos. Frank se mostrou o gênio da manipulação, conseguiu muito com isso, mas só isso não bastava. Quando não tinha pra onde correr, assassinava. Com as próprias mãos, ou não, seguiu fazendo de tudo pelo poder. Claire mostrou-se da mesma laia, aprendeu com o mestre. Persuasiva e manipuladora da mesma forma, e, agora, também, assassina.
Acompanhamos toda a série vendo a ascensão de Frank Underwood e sua tomada do poder. Esperávamos que um dia, uma hora, sua queda iria acontecer, como aconteceu nessa temporada. Seus crimes começaram vir à tona e ele previu e se preparou para isso. As instituições não foram páreo para ele, fez o que quis com tudo e com todos, porém, agora, terá que lidar com a segunda coisa que mais se importou na vida, depois do poder: Claire Underwood, a presidenta dos Estados Unidos.
Assassina, manipuladora, persuasiva, impetuosa. Claire já olha para a câmera e conversa conosco. Já está com todos os requisitos que tornaram Frank presidente. Se é isso que precisa para se manter no poder, nos Estados Unidos e no mundo, estamos perdidos.
⭐⭐⭐⭐⭐